quinta-feira, dezembro 31, 2009

2009 E SUAS TENDÊNCIAS

“Por falta de visão, o povo perece”.
(Bíblia sagrada)




Mais um ano vai chegando ao fim. Estamos caminhando para o final da primeira década do primeiro século do terceiro milênio. Vivemos uma época especialmente importante. Em várias áreas, o conhecimento acumulado nesta década é maior do que a soma do conhecimento anterior de toda humanidade. Por outro lado, estamos perplexos diante de escândalos impensáveis não apenas por nossos avós, mas por nossos pais e por nós mesmos.
Tudo está se acelerando e algumas tendências começam a se destacar das demais.
Elas, queiramos ou não, influenciarão nossa vida, nossas opções e escolhas.
No que interessa à visão espírita, ressalto quatro tendências que ganharam força em 2009 e, ao que tudo indica, serão cada vez mais impactantes em nossas vidas nos anos que se seguem.
A primeira diz respeito ao crescimento do fundamentalismo, tanto o religioso como o ateu. O discurso fanático, dissociado do bom senso e do respeito ao próximo, tem motivado derramamento de sangue, ofensas e desrespeitos de todas as ordens, tanto por parte de quem professa fé religiosa, como por parte de ateus fundamentalistas que passaram a ostentar, com orgulho, uma hostilidade primitiva.
A segunda tendência é a captura – muitas vezes involuntária - de fenômenos espirituais por aparelhos eletrônicos. Cada vez mais pessoas têm registrado em seus aparelhos pessoais fenômenos insólitos que, lamentavelmente, também são motivos de fraudes, ignorância e confusão.
A terceira tendência é o crescimento do prestígio internacional do Brasil. Há uma década isso seria motivo de chacota. O fortalecimento da influência política, econômica e cultural do Brasil abre caminho pra futura confirmação do Brasil como pátria do Evangelho – previsão mediúnica conhecida no meio espírita - e, naturalmente, como liderança positiva neste campo, notadamente de nossa conhecida tolerância, sincretismo e, no particular, para nova onda de propagação do Consolador mundo a fora.
Por fim, a mais preocupante das tendências e uma das que mais vai impactar nossas vidas em curto, médio e longo prazo é a incompetência mundial para combater eficazmente as mudanças climáticas e a crise ambiental. A decepção causada pela COP 15 vai além de expectativas de ambientalistas, diz respeito ao futuro não apenas do planeta, mas principalmente da civilização e da humanidade. Na pior das hipóteses, o planeta vai seguir em frente. A civilização, como a conhecemos, talvez não, dizem os especialistas. Em verdade, esta tendência confirma a caminhada da humanidade para Grande Transição, que promoverá transformações na própria evolução material e espiritual da Terra.
Todas estas tendências devem permanecer fortes em 2010 e, quando interagem com outras, tornam-se forças restruturantes de nossa vida e da forma como vemos e compreendemos o mundo em nossa volta.
Fique atento, ecos destas e de outras se farão ouvir em 2010.
Enquanto isso, seja feliz e se fortaleça espiritualmente neste ano que começa. E não esqueça, sempre que possas divide tua luz com teu próximo.
Deus nos abençoe hoje e sempre.

2009 E SUAS TENDÊNCIAS

“Por falta de visão, o povo perece”.
(Bíblia sagrada)




Mais um ano vai chegando ao fim. Estamos caminhando para o final da primeira década do primeiro século do terceiro milênio. Vivemos uma época especialmente importante. Em várias áreas, o conhecimento acumulado nesta década é maior do que a soma do conhecimento anterior de toda humanidade. Por outro lado, estamos perplexos diante de escândalos impensáveis não apenas por nossos avós, mas por nossos pais e por nós mesmos.
Tudo está se acelerando e algumas tendências começam a se destacar das demais.
Elas, queiramos ou não, influenciarão nossa vida, nossas opções e escolhas.
No que interessa à visão espírita, ressalto quatro tendências que ganharam força em 2009 e, ao que tudo indica, serão cada vez mais impactantes em nossas vidas nos anos que se seguem.
A primeira diz respeito ao crescimento do fundamentalismo, tanto o religioso como o ateu. O discurso fanático, dissociado do bom senso e do respeito ao próximo, tem motivado derramamento de sangue, ofensas e desrespeitos de todas as ordens, tanto por parte de quem professa fé religiosa, como por parte de ateus fundamentalistas que passaram a ostentar, com orgulho, uma hostilidade primitiva.
A segunda tendência é a captura – muitas vezes involuntária - de fenômenos espirituais por aparelhos eletrônicos. Cada vez mais pessoas têm registrado em seus aparelhos pessoais fenômenos insólitos que, lamentavelmente, também são motivos de fraudes, ignorância e confusão.
A terceira tendência é o crescimento do prestígio internacional do Brasil. Há uma década isso seria motivo de chacota. O fortalecimento da influência política, econômica e cultural do Brasil abre caminho pra futura confirmação do Brasil como pátria do Evangelho – previsão mediúnica conhecida no meio espírita - e, naturalmente, como liderança positiva neste campo, notadamente de nossa conhecida tolerância, sincretismo e, no particular, para nova onda de propagação do Consolador mundo a fora.
Por fim, a mais preocupante das tendências e uma das que mais vai impactar nossas vidas em curto, médio e longo prazo é a incompetência mundial para combater eficazmente as mudanças climáticas e a crise ambiental. A decepção causada pela COP 15 vai além de expectativas de ambientalistas, diz respeito ao futuro não apenas do planeta, mas principalmente da civilização e da humanidade. Na pior das hipóteses, o planeta vai seguir em frente. A civilização, como a conhecemos, talvez não, dizem os especialistas. Em verdade, esta tendência confirma a caminhada da humanidade para Grande Transição, que promoverá transformações na própria evolução material e espiritual da Terra.
Todas estas tendências devem permanecer fortes em 2010 e, quando interagem com outras, tornam-se forças restruturantes de nossa vida e da forma como vemos e compreendemos o mundo em nossa volta.
Fique atento, ecos destas e de outras se farão ouvir em 2010.
Enquanto isso, seja feliz e se fortaleça espiritualmente neste ano que começa. E não esqueça, sempre que possas divide tua luz com teu próximo.
Deus nos abençoe hoje e sempre.

segunda-feira, novembro 30, 2009

O MAIOR DESSERVIÇO DE UMA RELIGIÃO

“Vá e não voltes a pecar para que algo pior não te aconteça.”
(Jesus)


Não existe religião perfeita.
Obra do homem, todas as religiões ostentam fragilidades.
Pequenas e grandes distorções que podem provocar um comentário infeliz ou gestar um homem bomba.
Contudo, não conheço nada parecido com o estrago da crença do perdão divino ou em algumas versões da salvação pela conversão.
Antes que eu seja mal entendido, não estou dizendo que Deus não perdoa. A misericórdia é um atributo deste Ser Superior. Ponto. Deus perdoa, mas não como andam ensinando por ai. É preciso arrependimento, expiação e redenção. É preciso que do erro surja um novo ser, fortalecido, melhor.
Mas daí a dizer que podemos fazer qualquer coisa que seremos perdoados, bastando para isso orar, pedir perdão, ser batizado ou convertido nesta ou naquela religião, pagar o dízimo, vai longe, muito longe da realidade espiritual.
A crença neste tipo de perdão é uma das maiores responsáveis pela desgraça de milhões de pessoas e por crimes sem conta. É um desserviço à humanidade.
Todo santo dia milhares de infelizes comentem crimes e grandes erros crentes de que serão perdoados, sem qualquer problema, sem qualquer responsabilidade por seus desatinos, ainda quando isso signifique roubar, maltratar, desrespeitar, matar outras pessoas.
Vejo com imensa tristeza essa crença nefasta se espalhar, justificando absurdos de todos os gostos. É gente se vendendo, se corrompendo, assaltando, traindo, mentindo em nome de Jesus, em nome de Deus.
Sangue de Jesus nos purifique. Dizem, certos da absolvição. Nos últimos dias, as redes de Televisão repetiram sem cessar o corrente de oração de um grupo de pessoas que tinham acabado de praticar atos inidôneos, pedindo perdão e que ele abençoasse os futuros crimes. Que é isso?!
Que moral, que ética é essa? Que mundo se pode construir com essa lógica do caos? Faça tudo e peça perdão depois. Afinal, de que vale ser uma pessoa de bem, se basta pedir perdão ou se converter?
_ Olá colega, vou te estuprar. Aguarde só um momentinho que vou orar pedindo perdão a Deus e já vamos começar, ok. Ah sim, também terei roubar teu dinheiro, pois pagando o dízimo, fico limpo.
É lamentável que em pleno terceiro milênio alguém abra a boca pra ensinar isso a outro ser humano.
Que decepção aguarda esses Espíritos no retorno à pátria espiritual. São muitas as notícias que chegam de lá dando conta dos efeitos trágicos dessa crença.
A Bíblia é muito clara: a sementeira é livre, a colheita é obrigatória.
O universo é retributivo. Caso faças o mal, este vai voltar e te encontrar. O perdão está na chance que se renova a cada dia de você produzir pelo bem efeitos positivos que possam amenizar ou neutralizar o carma negativo que está a caminho.
Isso se chama lei de causa e efeito, isso se chama Justiça Divina, a mais perfeita e sábia expressão da misericórdia divina.
Perdão divino é renovação espiritual, não tolerância e tampouco incentivo ao crime.

segunda-feira, outubro 26, 2009

CRENÇAS E VALORES

“Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém”.
(São Paulo)



Nos últimos dias se comentou muito sobre o caso de uma criança de 9 meses, Glória, que morreu em 2002 de septicemia, infecção grave. A criança tinha eczema infantil, uma manifestação alérgica de sua pele. Em crianças, a tentação da coceira acaba gerando feridas e as deixam vulneráveis a infecções. Há tratamento holopático. Seu pai, um médico homeopata, insistiu em tratar a criança com homeopatia até o último momento. Quando a levou para um hospital, tinha infecções internas e externas, as bactérias estavam destruindo inclusive seus olhos. A criança de 9 meses desencarnou em meio grande sofrimento e os médicos só puderam ministrar morfina para aliviar a dor.
O pai e a mãe foram levados à Justiça australiana e foram condenados por homicídio. Ele por negligência e ela por conivência.
Richard Dawkins colocou o caso no seu sitio na internet e logo se sucederam ataques à homeopatia, feitos pelos seguidores de Dawkins, geralmente tão fundamentalistas quanto o próprio biólogo ateu.
Em um primoroso artigo, Contardo Caligaris criticou ambos. Os pais e os exaltados seguidores do biólogo, pelo fundamentalismo de ambos, pela prepotência de certezas.
Disse que se precisasse salvar uma filha, faria de tudo, teria convocado os homeopatas (aliás, reconhecidos como especialistas em medicina), os xamãs, feiticeiros e curandeiros minimamente confiáveis. E embora se confesse agnóstico, “rezaria, sem nenhuma vergonha e sem sentimento de trair minhas “convicções’, pois a primeira delas, a que resume minha racionalidade, diz, humildemente, que há muito no mundo do que minha razão alcança”.
A abordagem de Contardo traz-nos uma lição importante, geralmente desprezada, porque de tão imperceptível nos confunde. É saber sopesar crenças e valores. Ambos estão estreitamente ligados, um define o outro. Contudo, há certas situações em que um deve ser sacrificado para salvaguardar outro, mais importante naquele determinado caso ou momento.
A crença na homeopatia – crença da qual comungo – sacrificou o valor dignidade da pessoa humana e a sacralidade da vida. Era pra ter sido justamente o contrário. Em prol da defesa da dignidade da pessoa humana e da vida, a crença na homeopatia deveria ter cedido lugar para preservação daquilo que era mais importante naquele momento. Salvar a vida da criança – e ainda mais da filha - não podia esperar, a crença no poder de cura da homeopatia podia esperar, ser novamente testada, outra vez comprovada. Salvar aquela vida não.
O homem bomba acredita que ao se explodir em martírio, garante uma vaga no paraíso. Esta crença é motivada por alguns valores implícitos, tais como renúncia, sacrifício, fé. Contudo, sua crença sacrifica valores que são inegociáveis, essenciais a qualquer pessoa e sociedade. Quando ele se explode a machuca ou mata pessoas, sua crença revela-se uma agressão a valores que não poderiam ser agredidos.
O homem que se crer superior a outro cultiva valores como a prepotência, nega a igualdade, crer-se privilegiado, melhor. Quando sua crença está restrita à sua mente, menos mal, porque mal só faz a si mesmo. Quando ela se exterioriza em palavras e atos, esta crença maltrata valores fundamentais a todo ser humano.
A crença no nacionalismo já motivou muitas potências militares a invadirem países pobres, por interesses econômicos ou políticos, e sob tal estandarte promoveram a barbárie, a tortura, a opressão.
Há também o contrário, onde valores impõem o fim de crenças. Vejamos o que está acontecendo com a globalização da cultura ocidental. Centenas de línguas, de rituais, de lugares sacros, de tradições que representam valores de sociedades e comunidades locais estão sendo extintas rapidamente, pela imposição implícita de novos valores. É uma invisível, mas incontestável forma de opressão e de holocausto.
Valores como a liberdade também tentam justificar que crenças equivocadas como a de que o aborto, a eutanásia e o suicídio são soluções satisfatórias para problemas pessoais. Da mesma forma, valores como a justiça tentam validar a pena de morte, a prisão perpétua e a tortura.
A vida em sociedade está repleta de crenças que impõem a valores de outras pessoas grandes estragos diários e vice-versa. O motorista que rotineiramente dirige bêbado, o estelionatário contumaz, o marido cafajeste, o político corrupto, o médico negligente, o advogado mentiroso, o traficante de drogas, todos comungam de crenças e valores comuns, como a da impunidade e da esperteza. Acreditam que podem fazer o que fazem e não serão punidos, se acham espertos. Na outra ponta estão as vítimas. A mãe grávida que esperava o ônibus e foi atropelada pelo motorista bêbado, o velinho aposentado que ficou sem remédios porque enganado pelo estelionatário, a esposa humilhada pelas sucessivas traições, os pobres que não têm hospitais dignos por causa do desvio de verbas públicas, a jovem que amputou a perna por negligência médica, o cliente que teve seus direitos prescritos por descaso do advogado e as mães que perderam seus filhos para drogas estão todos no outro lado, onde repercutem as crenças e valores dos outros.
O que tais pessoas não percebem é que tudo está interligado. O motorista bêbado que se acidentou pode ficar aos cuidados do médico negligente, em um hospital público sucateado pelo político corrupto, que por sua vez pode ter sua defesa judicial prejudicada pelo advogado mentiroso. Quando nossas crenças e valores tornam o mundo pior, ele fica pior para todos.
O caso do pai homeopata que levou sua crença ao extremo ao preço da vida da filha é diferente na forma dos casos citados acima, não na essência. Este não queria praticar um crime, tampouco desejava qualquer mal à sua filha. Mas na essência há um ponto em comum. Todos levam suas crenças ao extremo, mesmo quando isso impõe grandes prejuízos a outras pessoas ou a toda sociedade. Todos são extremistas e, por isso, são potencialmente perigosos.
O perigo não é a homeopatia, assim como não é a medicina ou a advocacia. Mas as crenças e valores que estão por trás de nossos atos, de nossas profissões, de nossas relações e escolhas. Principalmente quando estas crenças e valores não se submetem a dúvida, tornaram-se certezas absolutas.
A questão do conflito entre crença e valor permeia nossa vida em sociedade. De regra, nossos valores justificam nossas crenças e estas são influenciadas por nossos valores. Contudo, quando a crença ou o valor torna-se extremista e fundamentalista, é porque ele já deixou de ser algo defensável e pessoal e tornou-se algo a ser combatido por toda sociedade.
É como sempre digo, a principal guerra deve ser travada na mente, onde nascem e crescem nossas crenças e valores. Quando falhamos neste combate e permitimos que crenças perigosas e valores nocivos saiam da mente para o mundo externo e se consolidem como novas tendências e padrões de comportamento, pode ser tarde demais.

segunda-feira, agosto 31, 2009

CRISE DE SIGNIFICADO

“Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. (João14: 1-14)



A vida tem um sentido.
Tanto no mundo físico, como no universo psico-emocional há forças atuantes e estruturantes da ordem e das interligações complexas entre fatos e fenômenos.
Caos e a desordem são apenas sub-fenômenos passageiros e limitados, necessários para a subseqüente ordem e sentido.
Mas se entre os físicos ainda se dá tom polêmico a tais digressões, há um consenso entre os estudiosos humanistas de que vivemos uma época de falta de sentido.
O sentido aqui não se refere apenas a direção, mas sobretudo a significado.
É verdade que muitos andam sem um senso de direção, entregues às variações circunstanciais de cada dia, mas quase todos estão sem foco de significado.
Digo significado no micro e no macro, no material e no espiritual.
Pequenos momentos importantes estão sendo tragados pela pressa do cotidiano ou distorcidos em sua essência. As tradições decaem. Não há contemplação, sentir, na acepção mais pura de sua etimologia. Pelo contrário, vivemos um processo de dessacralização, de massificação de vivências, de padronização de comportamentos.
E se as pequenas coisas se tornaram apenas coisas pequenas, não é diferente – pior quiçá – numa dimensão maior, de significação à própria vida.
Vê-se, como nunca, crescerem propostas e condutas que atentam contra a dignidade da vida: aborto, eutanásia, suicídio, pena de morte, torturas.
No campo pessoal, simplesmente isto não está em pauta. As pessoas fazem planos financeiros, patrimoniais, de carreira, de viagens, mas não refletem sobre o destino de suas vidas, pois não buscam resposta a uma das questões cardeais de nossa existência: qual significado quero dar à minha vida?
O resultado desta falta de foco tem repercutido a partir de certa idade, muitas vezes quando as metas materiais foram atingidas. De que adiantou tudo que fiz, tudo que conquistei se não consigo estar feliz, se não tenho mais vontade de fazer nada, nem de viver? Muitos se perguntam na refrega da dor.
Para a plenitude da alma o bem-estar não substitui o bem.
O psiquiatra Viktor Franklin criou a logoterapia ou terapia do sentido ao observar que certas doenças são resultado tão-somente da falta de sentido na vida, constatação esta também do pai da psicanálise Carl Jung.
Nas últimas décadas a situação piorou. Os filósofos debatem ardentemente sobre o mal-estar da sociedade pós-moderna. Os consultórios de terapia estão cheios, as clínicas psiquiátricas lotadas, nunca a indústria farmacêutica lucrou tanto com remédios controlados, especialmente os que bloqueiam as emoções, afetam o humor e a sensação de bem-estar. Não é à-toa que as drogas lícitas e ilícitas ganham cada vez mais simpatizantes e adeptos em um mundo onde a falta de sentido provoca um vazio existencial que só tem sido amenizado, numa lógica do absurdo, pelo entorpecimento do espírito.
Muitos procuram esse preenchimento na religião. Chegam angustiados, infelizes, vazios e procuram um Deus que os poupe da dor, que possa fazer o que desejam, mas sem esforço. Há também aqueles que querem comprar bênçãos, como se estivessem num shopping do sagrado e, obviamente, há muitos prontos para venderem qualquer coisa.
Neste pico histórico do materialismo, as pessoas não buscam significado, mas resultados.
Sem um significado maior, de resultado em resultado a vida vai perdendo o sentido.
Não é o carro do ano, a viagem a Paris ou o casamento que vai tornar a pessoa plena. Tudo isto deve ser etapa de algo maior, que transcenda a efemeridade.
É sempre bom se perguntar: isto é realmente importante para minha vida? Posso transformar isso em algo útil? Qual o legado que deixarei quando chegar ao fim minha caminhada na matéria?
Nada, algo que será esquecido rapidamente ou um tesouro imperecível?
Se tivesses no final da linha e olhasses para trás, o que verias? O que mudarias? Quais teus recomeços?
Sempre é possível o recomeço. Não de recomeço-tempo, mas tão-somente de recomeço-processo. Ou seja, não se pode voltar e desfazer o passado e suas causas, mas é possível refazer o futuro e seus efeitos.
Jesus promoveu e ainda promove muitos recomeços através de um toque essencial de significado a vidas vazias, perturbadas, enfermas, desorientadas, que o digam São Pedro, Maria de Magdala, São Francisco de Assis e São Paulo, apenas para citar alguns exemplos.
Nestes tempos de falta de sentido, ecoa forte o convite do mestre: vinde a mim todos vós que estais sobrecarregados.

quarta-feira, julho 29, 2009

UM MAR DE DESTRUIÇÃO

A vida veio do mar.
Há alguns milhões de anos, as primeiras formas simples de vida emergiram da sopa química para dar início ao grande e complexo processo de evolução das espécies.
O mar ainda abriga milhares – quiçá milhões - de espécies desconhecidas, ainda é um santuário da vida marinha e sustenta vários ecossistemas terrestres, mas já não é um paraíso perdido. Há cerca de 2 anos, uma pesquisa atestou que mesmo nos mares mais longínquos e isolados do planeta há registro de poluição. Não há mais águas virgens, puras. O mito do paraíso perdido caiu.
Cerca de 40% da população mundial vive a menos de 100 km do litoral. Algo em torno de 100 milhões de pessoas vivem a menos de 1 metro acima do nível do mar. A zona costeira abriga as maiores cidades do planeta e os mercados mais ativos, com altos fluxos de capital e entrechoque de poderosos interesses. Estima-se que por dia, no mundo, cerca de 2 mil famílias migrem à zona costeira para fixar residência.
A situação é especialmente grave nas cidades que abrigam belas costas e praias badaladas. Não é à-toa que grandes grupos empresariais estão investindo pesado na construção de resorts à beira mar, em plena privatização do espaço público. Atualmente, imensos trechos de praia, sobretudo no nordeste, já estão interditados aos cidadãos comuns. Apenas os clientes vips destes luxuosos espaços de lazer têm acesso ao paraíso. É bom que saibam que a maior parte do esgoto produzido por estes lucrativos complexos é lançado, sem dó e sem tratamento, no mesmo mar que lhe assegura vultosos lucros. Mas alguém que vai se hospedar em um resort pergunta sobre sua responsabilidade ambiental?
Deveria.
Onde o ser humano chega faz estragos no meio ambiente.
Em todo mundo, o litoral é uma das maiores vítimas da poluição e do uso predatório dos recursos naturais.
Em janeiro de 2008 a FAO, órgão da ONU, advertiu que nos últimos 25 anos o mundo perdeu cerca de 20% de seus mangues. Em 1980 eram 18,8 milhões hectares, que diminuíram em 2005 para 15,2 milhões de hectares.
Nas cidades litorâneas brasileiras, mangue passou a ser a nova fronteira de expansão dos centros urbanos. Não há semana que não registre mangue sendo invadido, aterrado, loteado e vendido. A considerar que o mangue é o berço da vida dos oceanos, dá pra imaginar a gravidade desta sandice.
Noutro vértice, sabe-se que o estoque de peixes dos oceanos está caindo vertiginosamente por causa da pesca predatória e excessiva, algo em torno de 2,5 vezes acima da capacidade de renovação dos oceanos. Várias espécies já sumiram ou são cada vez mais raras e áreas imensas já estão com a capacidade natural de reposição totalmente comprometidas, 3\4 das regiões pesqueiras do mundo para ser mais exato, segundo a ONU.
Caso gravíssimo é o da poluição. Nas grandes cidades litorâneas já não é possível usufruir das praias urbanas. Milhões de toneladas de esgoto não tratado e de lixo são despejados no mar. A beira mar de São Luiz, de Fortaleza, de Recife, de Florianópolis, tanto quanto a Baia de Todos os Santos ou a Baia da Guanabara estão seriamente poluídas. É preciso se afastar dos centros urbanos para praias cada vez mais longe para se banhar em um pouco menos de poluição. E onde os turistas chegam, deixam seus resíduos, suas marcas, seus estragos. Mas não passam impunes. Os estragos que fazem no meio ambiente, fazem em si mesmos. Pesquisa da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Gama Filho constataram altos índices de bactérias, fungos e parasitas intestinais na areia das principais praias cariocas. O limite aceitável para coliformes fecais é de 400 por 100 gramas. No Leblon a taxa de contaminação é de 5.000 por 100 gramas, no Leme é de 88.000. Nas areias das belas praias cariocas, além do desfile de corpos esculturais, passeiam alegres e viçosos batalhões de lombrigas, oxiúrio e solitárias[1], que se refestelam nos corpos indefesos de milhares de crianças que brincam inocentemente na praia.
Nas praias do litoral salgado paraense, há um esforço de várias instituições para evitar danos ao meio ambiente como os relatados acima. Estudantes foram conversar com os veranistas para explicar a importância da preservação deste ambiente. O contato foi bom. A atitude não. No final da tarde, ali estava a praia levianamente suja, transformada em lixão, violada em sua sacralidade pela impostura humana.
Um dos veranistas, chateado por não ter podido estacionar onde queria, lançou uma garrafa plástica na areia da praia, bem à frente dos estudantes que faziam o trabalho de conscientização. Ao ser abordado para receber a explicação do dano ao meio ambiente, perguntou sarcástico: _ Esta garrafa vale mais que meu carro? Outro, não se interessou pelas explicações. Queria saber se tinha brindes.
Segundo o Programa Ambiental das Nações Unidas para cada 2,5 quilômetros quadrados de mar existem 46 mil fragmentos de plástico, que já é responsável por 70% da poluição marinha, que, por sua vez, mata por ano cerca de 1 milhão de pássaros e 100 milhões de mamíferos marinhos. Baleias já foram encontradas com 800 quilos de lixo no estomago. Quais não foram o mal estar e as dores que sentiu antes do óbito?
Mas esta poluição marinha não afeta apenas bichos. No meio ambiente tudo está relacionado. Sabe-se que 80% de todas doenças dos países em desenvolvimento se disseminam pela água poluída ou por ausência de água. Importante dizer que as doenças mais mortíferas do mundo têm relação com esta situação. São 1,7 milhão de vidas que perecem, a cada ano, por causa de água suja. 90% das vítimas são crianças. As que não matam, incapacitam. Cálculos apontam que 82 milhões de anos de vida saudável são inviabilizados por causa das doenças disseminadas pela água.
Está claro que não é apenas a falta de informação que alimenta esta estultice. A maioria das pessoas ainda age como se o problema não fosse delas, como se não fosse algo grave e, para além das declarações formais de preocupação com a natureza, age com indiferença a qualquer necessidade de esforço ou sacrifício pessoal.
Mas isto tudo tem preços que já estão sendo debitados automaticamente em nossas contas conjuntas. Espalham-se as zonas mortas, as marés vermelhas, a extinção de espécies, a acidificação das águas, a salinização da água doce, a erosão, a destruição do assoalho marinho e, por conseguinte, disseminam-se as doenças e a perda da qualidade de vida para milhares de pessoas.
Pesquisa da ONG Defensoria da Água, de 2008, aponta que no Brasil cerca de 70% das águas superficiais estão contaminadas e, por isso, impróprias para o consumo. Em relação ao levantamento anterior, de 2004, houve um aumento da poluição na ordem de nada menos que 280%.
O futurólogo Patrick Dixon, professor do Centro para Gestão de Desenvolvimento da London Business School, ressalta que “entre 1950 e 1990 a utilização da água triplicou, quando a população aumentou cerca de 2,7 bilhões. A população deverá sofrer um aumento do mesmo teor, de uns de 50%, até 2030, mas o suprimento de água não conseguirá ser triplicado novamente sem sérios problemas de escassez. Logo, algo precisa ser feito”[2].
Apesar disso, a Agência Nacional de Água – ANA estima que o desperdício de água chega a 400 litros para cada 1000 litros disponíveis. Em crescentes partes do mundo, o consumo diário de água é de apenas 5 litros, menor que o gasto de uma descarga comum do vaso sanitário de nossas casas. Vai piorar. Estima-se que até 2050 mais de 4 bilhões de pessoas viverão em áreas com carência severa de água. A ONU, apoiada por muitos estudiosos, prevê que as guerras do futuro terão por causa o acesso à água. Pontos de tensão se multiplicam: Israel e Palestina; México e EUA; Egito, Etiópia e Sudão; Bangladesh, Butão, Índia e Nepal são alguns exemplos do que pode acontecer no futuro próximo[3].
Jared Diamond e Ronald Writh, dentre outros respeitados estudiosos, alertam que civilizações inteiras como a Suméria, a Maia, a da Ilha de Páscoa pereceram por causa, especialmente, do colapso ambiental. Ressaltam, sem subterfúgios, que estamos caminhando neste caminho.
Óbvio que ainda podemos reverter a situação.
Quando estiveres diante do mar, este altar líquido da vida, glorifique o refinamento da arte divina e antes de usufruir deste sagrado ambiente, lembre-se que é seu dever velar por ele.
Afinal, consciência ambiental é espiritualização.








[1] Revista Veja, ano 42, Edição 2123, de 29 de julho de 2009, pg. 108\109.
[2] DIXON, Patrick. Sabedoria do futuro: as seis faces da mudança global. Editora Best Seller, Rio de Janeiro, 2007, pg. 113.
[3] CLARKE, Robin. KING, Jannet. O Atlas da água. Publifolha, São Paulo, 2005, pg. 13.

sexta-feira, maio 22, 2009

ANJOS DA GUARDA

“Naquela mesma região, havia uns pastores que passavam as noites nos campos, tomando conta do rebanho. Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor os envolveu de luz, deixando-os tomados de grande temor. Mas o anjo disse-lhes: “Não temais! Eu vos anuncio uma boa nova, de grande alegria para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor. (...)
De repente, juntou-se ao anjo uma multidão de milícia celeste, louvando a Deus, e dizendo: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens de boa vontade.” (Lucas 2:8-14)




Eles estão presentes desde remotas eras, nos longínquos registros da história da humanidade. Têm nomes e caracteres diferentes, conforme a cultura e religião. Mas a existência deles é reafirmada pelas grandes tradições que, por trás de camadas de simbolismos, noticiam seus feitos heróicos.
Que seres são estes que têm as missões mais belas e austeras?
De onde vêm? A que servem? Como atuam?
Na Bíblia sagrada, os anjos participam ativamente dos desígnios de Deus, desde a criação até o apocalipse. Estão na anunciação da vinda do Cristo. Participaram à Maria a sublime missão materna de conceber o Salvador e por ocasião do desencarne de Jesus, proclamaram a Madalena a sua vitória sobre a morte. Diante de Pilatos, Jesus confirmou que poderia mobilizar, se assim desejasse, exércitos de anjos em seu favor.
O Espiritismo, que tão bem aplica a fé racional, confirma a existência dos Anjos da Guarda. Faz as devidas correções, retirando-lhes as alegorias místicas e supersticiosas – como as asas e a criação especial - que as culturas os ornamentaram e restitui-lhes sua essência[1].
São eles que nos socorrem muitas vezes nos momentos mais delicados, quando as forças falecem e as certezas fogem. São deles os braços fortes que nos sustentam na queda à beira do abismo e a voz doce que sussurra nas almas desérticas as cantigas de esperança.
Sempre são discretos, ajudam sem que percebamos, não raro se valendo de outras pessoas de boa vontade. Despidos das ilusões da vaidade, são surdos a orações egóicas e orgulhosas, mas atentos aos bem-aventurados que Jesus se referiu no sermão da montanha.
Captam nossas preces e cruzam o universo, como raios, para atender os merecedores das bênçãos e da misericórdia divina. Desviam perigos, desfazem armadilhas, mobilizam ajuda de milícias espirituais, sopram conselhos, ativam nossa intuição, manipulam energias sutis e atuam na promoção de curas, fortalecem as fibras de nossas mais íntimas resoluções no bem, protegem contra ataques de inimigos espirituais, governam vigílias em favor de nossas boas obras, passeiam em nossos mais belos sonhos como brisas no ardor do verão. São mensageiros e executores das vontades de Deus. Não é à-toa que são chamados Anjos da Guarda.
Sempre aptos ao trabalho, mas também conscientes de que cada um de nós deve percorrer com esforço próprio seu caminho evolutivo. Por isso, não assumem nossos deveres, nem nos substituem em nossas responsabilidades, tampouco anulam nosso livre arbítrio.
Nos palácios eles só estão nas obras de arte... Não os procureis em templos de ouros, nem sob o teto de soberbos ou guardando tronos de vaidade. Não é o enfeite retórico das palavras na oração que os atrai, é o amor sincero e despretensioso. Antes os buscai na choupana tosca de onde se ergue humilde prece, procurai-os ao lado da idosa abandonada, mas fiel à Deus, vide-os velando o sono dos órfãos, dos desditosos, fazendo plantões nos leitos onde a medicina não chegou ou entre as lamúrias das grandes tragédias, coordenando os trabalhos de numerosas equipes espirituais.
Mas não deixeis de procurá-los, também, próximo de ti, nos detalhes e nos sinais que se perdem, por incúria nossa, na pressa e no turbilhão do cotidiano.
Deus concedeu a cada pessoa um Anjo da Guarda, mas nem todas aprenderam que só pode ser ajudado quem assim permite.
Ajuda-te e o céu te ajudará, ensinou o mestre.



[1] Vide Questões 128 a 131 e 489 a 521, do Livro dos Espíritos. (http://www.geae.inf.br/pt/livros/le/le2-9-6.html)

segunda-feira, março 30, 2009

FILHOS DA LUZ.

“Andai como filhos da luz.” - Paulo
(Efésios, 5:8)



A jornada espiritual sobre a Terra é também a arte de se criar a si mesmo.
Luz e escuridão são reflexos do que somos.
A cada pensamento, palavra ou ato expandimos nosso brilho ou nos ofuscamos nos pântanos da involução.
Temos a mais bela e incrível das liberdades: a de ser luz.
Mas a luz exige subida, elevação, escalada de valores.
Rés ao chão, tudo é escuridão.
E quantos são os que rastejam apequenados neste mundo de sombras.
Muitas pessoas têm dificuldades de se imaginarem praticando as mesmas atitudes éticas e altruístas de ícones da moralidade como Mahatma Gandhi, Madre Tereza de Calcutar, Nelson Mandela, Wangari Maathai, Martin Luter King, Chico Xavier.
Acham que estes são luminares distantes dos simples mortais.
Mas, se assim o é, nem por isso devemos nos tornar menores do que podemos ser.
Muitas vezes é isso que fazemos conosco.
Apequenamo-nos – por tão pouco – e sabotamos, cotidianamente, nossas possibilidades de aperfeiçoamento ético-espiritual.
Quando mentimos jurando a verdade.
Podendo, deixamos de dividir e não dividindo desperdiçamos.
Se por orgulho recuamos e por covardia avançamos.
Quando ostentamos entre miseráveis.
Ao nos divertirmos com o drama alheio.
Ao compactuarmos com a indignidade.
Quando deliberadamente guardamos fatos passados para alimentarmos rancores e justificarmos revides.
Ao pisarmos em alguém em desvantagem, tendo a oportunidade de ajudar.
Se a soberba nos toma, nos deslumbres do poder, da riqueza ou do conhecimento.
Tornamo-nos pequenos quando falamos com a consciência de que vamos machucar.
No silêncio diante de uma injustiça.
Quando nossa felicidade é usada para maltratar a situação de outrem.
Quando não assumimos nossa responsabilidade, deixando que outro o assuma.
No uso de pesos e medidas diferentes.
Quando fugimos de nossos sonhos e culpamos o destino.
Na paralisia do comodismo.
A cada desistência sem esforço.
A cada queda sem aprendizagem.
Na reincidência por teimosia.
Na lágrima forjada.
No riso pérfido e sarcástico.
Na condenação sem defesa.
No ódio.
Pequeno torna-se quem só consegue ver onde estão as dificuldades da vida, o erro da situação, os aspectos negativos, o defeito alheio.
Quando deixamos de dizer obrigado, bom dia, desculpa, licença.
Quando diante de uma gentileza, retribuímos com indiferença, mesquinhez ou rudeza.
Se o caminho para nossa iluminação é longo e distante, o desafio de não nos tornarmos pequenos revela-se dia-à-dia, aqui e agora, nas pequenas coisas.
Diz as escrituras (Tiago, 3:10): “Da mesma boca procede benção e maldição.”
Afinal, nossos atos atestam o brilho ou nossa escuridão interior.
O bem ilumina.
Mas tudo que nos afasta de Deus, nos aproxima das sombras.
Por isso, caminhemos como filhos da luz e a luz nos acompanhará.

sábado, fevereiro 28, 2009

OS DONOS DA VERDADE: DA PARTÍCULA DE DEUS AOS VULTOS.


“E falando eles destas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco.
E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito.
E ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que sobem tais dúvidas aos vossos corações?”.
Lucas 24: 36,38


Nas últimas semanas, a filmagem de um “vulto” no interior do Pará ganhou as rodas de conversas em todo Estado e agora do mundo, após ter sido postada no sitio do Youtube ( http://www.youtube.com/watch?v=Ba6oiZdL-7E ) e já está entre os mais acessados da semana.
Verdade? O fenômeno é legítimo?
O cidadão comum e os especialistas logo se apressam para opinar, seja para negar ou validar a imagem, conforme conveniências, crenças, pesquisas ou mero exercício de ignorância.
Antes de enfrentar a questão, façamos uma conexão com a periferia de Genebra, na Suíça, onde fica localizado o maior laboratório de física da Europa, o Cern. O que aquela pacata periferia tem haver com o bucólico interior paraense? Pouco ou nada, mas ajuda a entender a apropriação da verdade e o modelo vigente que influencia nossa forma de pensar e de ver o mundo.
Após 14 anos de construção, no dia 10 de setembro de 2008 foi colocado em funcionamento – com direito a efusiva comemoração - o maior acelerador de partículas do mundo: o LHC, que fica a cerca de 100 metros abaixo da terra, entre a França e Suíça, e tem 27 quilômetros de perímetro. Sua construção custou a bagatela de 8 bilhões de dólares, investimento de dinheiro público. Entre seus principais objetivos está a busca pelas particulares elementares, notadamente a chamada partícula bóson de Higgs, comumente chamada “Partícula de Deus”, porque estaria no início da criação do universo, o Big Bang, e explicaria vários fenômenos relacionados ao evento.
O problema é que esta partícula só existe – até agora - no mundo das hipóteses matemáticas do físico inglês Peter Higgs, acolhida com entusiasmo no meio científico. Se a “Partícula de Deus” não der o ar de sua graça no modernoso acelerador de partículas, a física terá de repensar algumas de suas explicações e, quiçá, de suas teorias. Mas nada que infirme sua credibilidade, nem a fé de seus sacerdotes da lógica.
O que é muito curioso – e caricato – é que os físicos crêem na existência da “Partícula de Deus” sem nunca terem tido qualquer prova dela, senão nas equações. Nada demais se os físicos não estivessem entre os cientistas mais céticos, geralmente ateus, pois rejeitam a existência do espírito, já que ele “nunca foi provado”. A rigor, não é justo classificar os físicos como céticos, afinal eles têm uma lista grande de crenças sem comprovação palpável: buracos de minhoca, buracos negros e matéria escura, por exemplo, estão entre as teorias que não têm comprovação rigorosamente científica. Existem no mundo das equações e hipóteses. Por favor, não peça a um físico uma foto de um buraco de minhoca, nem uma grama de matéria escura...Mas eles crêem firmemente que elas existem e se eles dizem que elas existem, lá vai o povo – como marcha de boiada – seguindo e acreditando.
Esta é uma dimensão da verdade. Vejamos a outra.
A imagem filmada próximo a um igarapé no Pará logo foi conceituada, pejorativamente, de “vulto”. Afinal, quando a questão escapa da ignorância, logo tropeça no preconceito. Mas, se etimologicamente a qualificação não está errada, conceitualmente ela é retrograda diante dos estudos que existem sobre o Espírito. Pior que isso, é ouvir a já desgastada e pobre explicação quevediana, de religiosos transvertidos de parapsicólogos, de que a imagem nada mais é do que “uma projeção do subconsciente”. Esta estultice não merece resposta.
Mas a lógica da percepção dos fatos merece reflexão. Houve uma apropriação da verdade pela Ciência materialista e ela influencia o nosso modo de pensar. No mundo de hoje, a Ciência valida o que lhe interessa, com pesos e medidas diferentes. Investimentos bilionários são feitos todos os dias para atestar teorias. Muitas delas acabam sem qualquer comprovação. Outras, ainda que nesta situação, continuam sendo validadas com pomposos rituais de fé por cientistas de renome no mundo todo. E nós acreditamos porque é a Ciência que afirma.
Ocorre que o mundo científico é hermeticamente materialista. A maioria dos cientistas nega a existência do espírito.
A descrença da Ciência impõe a nossa descrença.
Se um cientista diz que é impossível, a questão está fechada, resolvida. Ninguém duvida, não há questionamentos. As pessoas repetem, sem o mínimo de exame crítico, negativas que não são suas.
Ninguém quer se sujeitar a parecer ridículo, quando a desqualificação vem de uma cátedra acadêmica.
Eles se dão ao luxo de acreditar naquilo que não pode ser visto, nem sobre o qual ainda não há provas.
As pessoas comuns não têm esse direito. Mais que isso. Mesmo diante de uma prova cabal, não há direito a questionar a verdade científica, que bem poderia ser qualificada como dogma.
Curiosamente acreditam na existência da partícula de bóson Higgs, mesmo que ela ainda não tenha aparecido nem no LHC, nem em alguma filmagem no interior do Pará.
Mas, se um espírito é registrado vira escândalo. É fraude. Impossível. Isso não existe. Outros alertam: é coisa do demônio. Os cientistas dão de ombro: isso é crendice, não objeto para pesquisa científica.
O cuidado é bem-vindo. Há, realmente, muita fraude e bobagens relacionadas ao assunto. Contudo, as negativas generalizadas são tolas, para além de inúteis.
Nos últimos meses, alguns amigos têm me trazido fotos com supostas imagens de espíritos. De todas que vi, apenas uma tem característica de transfoto. As outras pareciam mais reflexos de mau enquadramento e de luzes. O fato é que com o uso disseminado de aparelhos de celular com recursos cada vez mais sofisticados de foto e filmagem, o mundo espiritual tem se revelado com mais abundância. Na internet, há alguns registros interessantes, mas sem controle de qualidade. Este é feito com rigor científico na transcomunicação instrumental, onde há técnicas para o contato com o mundo espiritual. Neste meio, a filmagem de espíritos é rotina. As provas são abundantes.
Mas a verdade imposta pela Ciência materialista exige que mesmo vendo, não acreditemos. Os donos da verdade estão sempre prontos para a desqualificação, para a mentira, para o abafa.
Na periferia de Genebra, na Suíça, uma elite de cientistas continua a postos à procura da “Partícula de Deus”. No interior do Pará, três jovens matutos já encontraram a verdadeira “Partícula de Deus”: o espírito eterno.
Confirma-se assim a tradição judaica: “Deus está em toda a parte, mas o homem somente o encontra onde o busca”.

sábado, janeiro 31, 2009

SIM, NÓS PODEMOS TER ESPERANÇAS.


“Se tiveres de chorar por algum motivo que consideres justo, chora trabalhando, para o bem, para que as lágrimas não se te façam inúteis. Nos dias de provação, efetivamente, não seriam razoáveis quaisquer espetáculos de bom humor, entretanto, o bom ânimo e a esperança são luzes e bênçãos em qualquer lugar”.
(Chico Xavier)


Hoje vi fotos estarrecedoras de crianças vitimadas na faixa de Gaza pelo ataque de Israel. Uma delas sobressaía do cenário fúnebre e chocante de dor: um anjinho soterrado esperava ser salvo. No seu olhar havia medo e esperança. E não há nada mais comovente e dignificante do que ver a esperança vencer o medo.
Para quem está bem, a esperança é uma palavra despida de sentido prático e de significação revelante, quiçá uma pérola vocabular para ornamentar um poema. Quem está sofrendo, não se pode permitir tal luxo. Sacudido pelas procelas da dor, naufrago de si mesmo, o sofredor arregimenta seus últimos fiapos de força para agarrar-se à bóia coletiva dos sôfregos: a esperança. Este seu sentido agregador e universal mereceu, por isso, a percuciente avaliação do filósofo da antiguidade Tales de Mileto: a esperança é o único bem comum a todos os homens; aqueles que nada mais têm - ainda a possuem.
Neste início de ano, a posse de Barak Obama foi – para além de qualquer outra conotação possível – uma explosão planetária desse sentimento intrigante, última fortaleza da coragem de seguir em frente.
Hoje, Obama representa, paradoxalmente, a esperança de minorias e maiorias, de moderados e radicais, de pessoas de bem e de devotadas ao mal. Por este fato e também por ser falível, vai causar decepções. Mas vai, por certo, promover uma das experiências mais belas e plenificantes que um ser humano pode vivenciar: a transformação da esperança no júbilo da realização.
A esperança que Obama abrasou em todos os rincões do planeta apenas prova que a fúria da tempestade prepara, com suor e lágrimas, o solo para que a esperança viceje pujante. É na ausência de perspectiva, nos ensaios da impossibilidade, no sacudir do desespero que a esperança revela toda sua grandeza e altivez. É na forja do sofrimento que o trabalho esperançoso espalha luz nas trevas do medo, calor no frio da tristeza, como ensina Chico Xavier. É este sentimento divino que sustenta bilhões de pessoas no mundo, da aurora ao crepúsculo, conduzindo tantos corações chumbados de dores por entre os pântanos da dúvida até o reencontro consigo mesmo, em algum lugar do recôndito de seus espíritos.
Triste daquele que a perdeu no caminho, não só porque a deixou pra trás, mas porque crê, geralmente, que não a pode mais reencontrar. Pior situação, contudo, são dos que roubam e destroem a esperança alheia. Não suspeitam que contas têm a prestar.
Mas se há palavras e atitudes portadoras da morte espiritual, há também o efeito balsâmico na voz mansa que acalenta na hora crítica da luta, quando a alma está na horizontal, à beira da deserção:
_ Não vamos desistir, estamos com você!
Glória aos fomentadores dessa energia vital, que ressuscita ânimos abatidos, eleva o moral despedaçado e faz vibrar a alma em corpos alquebrados, espíritos cansados de insistir, acabrunhados de sofrer seguidas derrotas. É para estes que Mahatma Gandhi exortou o semear da esperança no solo árido do coração daqueles que fizeram dela seu único tesouro:
“Ensaia um sorriso e oferece-o a quem não teve nenhum.
Agarra um raio de sol e desprende-o onde houver noite.
Descobre uma nascente e nela limpa quem vive na lama.
Toma uma lágrima e pousa-a em quem nunca chorou.
Ganha coragem e dá-a a quem não sabe lutar.
Inventa a vida e conta-a a quem nada compreende.
Enche-te de esperança e vive à sua luz.
Enriquece-te de bondade e oferece-a a quem não sabe dar.
Vive com amor e fá-lo conhecer ao Mundo”.