sexta-feira, maio 22, 2009

ANJOS DA GUARDA

“Naquela mesma região, havia uns pastores que passavam as noites nos campos, tomando conta do rebanho. Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor os envolveu de luz, deixando-os tomados de grande temor. Mas o anjo disse-lhes: “Não temais! Eu vos anuncio uma boa nova, de grande alegria para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor. (...)
De repente, juntou-se ao anjo uma multidão de milícia celeste, louvando a Deus, e dizendo: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens de boa vontade.” (Lucas 2:8-14)




Eles estão presentes desde remotas eras, nos longínquos registros da história da humanidade. Têm nomes e caracteres diferentes, conforme a cultura e religião. Mas a existência deles é reafirmada pelas grandes tradições que, por trás de camadas de simbolismos, noticiam seus feitos heróicos.
Que seres são estes que têm as missões mais belas e austeras?
De onde vêm? A que servem? Como atuam?
Na Bíblia sagrada, os anjos participam ativamente dos desígnios de Deus, desde a criação até o apocalipse. Estão na anunciação da vinda do Cristo. Participaram à Maria a sublime missão materna de conceber o Salvador e por ocasião do desencarne de Jesus, proclamaram a Madalena a sua vitória sobre a morte. Diante de Pilatos, Jesus confirmou que poderia mobilizar, se assim desejasse, exércitos de anjos em seu favor.
O Espiritismo, que tão bem aplica a fé racional, confirma a existência dos Anjos da Guarda. Faz as devidas correções, retirando-lhes as alegorias místicas e supersticiosas – como as asas e a criação especial - que as culturas os ornamentaram e restitui-lhes sua essência[1].
São eles que nos socorrem muitas vezes nos momentos mais delicados, quando as forças falecem e as certezas fogem. São deles os braços fortes que nos sustentam na queda à beira do abismo e a voz doce que sussurra nas almas desérticas as cantigas de esperança.
Sempre são discretos, ajudam sem que percebamos, não raro se valendo de outras pessoas de boa vontade. Despidos das ilusões da vaidade, são surdos a orações egóicas e orgulhosas, mas atentos aos bem-aventurados que Jesus se referiu no sermão da montanha.
Captam nossas preces e cruzam o universo, como raios, para atender os merecedores das bênçãos e da misericórdia divina. Desviam perigos, desfazem armadilhas, mobilizam ajuda de milícias espirituais, sopram conselhos, ativam nossa intuição, manipulam energias sutis e atuam na promoção de curas, fortalecem as fibras de nossas mais íntimas resoluções no bem, protegem contra ataques de inimigos espirituais, governam vigílias em favor de nossas boas obras, passeiam em nossos mais belos sonhos como brisas no ardor do verão. São mensageiros e executores das vontades de Deus. Não é à-toa que são chamados Anjos da Guarda.
Sempre aptos ao trabalho, mas também conscientes de que cada um de nós deve percorrer com esforço próprio seu caminho evolutivo. Por isso, não assumem nossos deveres, nem nos substituem em nossas responsabilidades, tampouco anulam nosso livre arbítrio.
Nos palácios eles só estão nas obras de arte... Não os procureis em templos de ouros, nem sob o teto de soberbos ou guardando tronos de vaidade. Não é o enfeite retórico das palavras na oração que os atrai, é o amor sincero e despretensioso. Antes os buscai na choupana tosca de onde se ergue humilde prece, procurai-os ao lado da idosa abandonada, mas fiel à Deus, vide-os velando o sono dos órfãos, dos desditosos, fazendo plantões nos leitos onde a medicina não chegou ou entre as lamúrias das grandes tragédias, coordenando os trabalhos de numerosas equipes espirituais.
Mas não deixeis de procurá-los, também, próximo de ti, nos detalhes e nos sinais que se perdem, por incúria nossa, na pressa e no turbilhão do cotidiano.
Deus concedeu a cada pessoa um Anjo da Guarda, mas nem todas aprenderam que só pode ser ajudado quem assim permite.
Ajuda-te e o céu te ajudará, ensinou o mestre.



[1] Vide Questões 128 a 131 e 489 a 521, do Livro dos Espíritos. (http://www.geae.inf.br/pt/livros/le/le2-9-6.html)