segunda-feira, janeiro 30, 2012

SINTONIA E CRIAÇÃO



“Energia viva, o pensamento desloca, em torno de nós, forças sutis, construindo paisagens ou formas e criando centros magnéticos ou ondas, com os quais emitimos a nossa atuação ou recebemos a atuação dos outros. Nosso êxito ou fracasso dependem da persistência ou da fé com que nos consagramos mentalmente aos objetivos que nos propomos alcançar.”

(Afinidade e Sintonia – Espírito Emmanuel)

Há uma cena do filme Nosso Lar que se destaca – com louvor – quanto ao livro. É que a imagem em certas situações realmente permite vivências mais ricas do que a palavra. Refiro-me ao trecho do filme em que o Espírito de André Luiz volta à sua casa na Terra. Ele descobre que sua esposa agora tem outro consorte e seus filhos um padrasto. Perplexo, rapidamente seu coração se turva e sua mente é impregnada de pensamentos poderosamente negativos. E ai o detalhe sutil que o filme permite-nos vivenciar. De repente o cenário muda e André Luiz vê-se novamente no Umbral, respirando no ambiente psíquico equivalente à sua sintonia mental, repleto de insânia, rebeldia, maldade e dor.

É a lei de sintonia. Afinal, é pelos pensamentos e sentimentos que criamos o mundo ao nosso redor, o universo por onde transitamos, o céu ou o inferno onde respiramos. O Espírito Emmanuel assinala:

“Nos mais simples quadros da natureza, vemos manifestado o princípio da correspondência. Um fruto apodrecido ao abandono estabelece no chão um foco infeccioso que tende a crescer, incorporando elementos corruptores. Exponhamos a pequena lâmina de cristal, limpa e bem cuidada, à luz do dia, e refletirá infinitas cintilações do Sol.

Andorinhas seguem a beleza da primavera. Corujas acompanham as trevas da noite. O mato inculto asila serpentes. A terra cultivada produz o bom grão. (...)”

A dinâmica da lei de sintonia é simples. Você atrai aquilo que já existe em seus sentimentos e pensamentos. Neste mar de energias invisíveis não são os opostos que se atraem, mas sim os semelhantes.

O bem atrai o bem e o mal atrai o mal.

Quando pensamos emitimos ondas que têm determinada freqüência. Nessa freqüência mental encontraremos outras mentes, que habitam no plano espiritual. É quando se dá a interação entre os encarnados e desencarnados.

A mãe que derrama afeto ao seu rebento enfermo gera um padrão de freqüência mental bem diferente do meliante que está de tocaia preparando-se para o assassínio. Ambas as mentes estão interagindo com planos de vida espiritual. A mãe atrai Espíritos benfazejos para auxiliá-la nas transfusões de fluidos curativos, da mesma forma que o criminoso está devidamente assessorado por miríades de Espíritos que têm valores morais similares aos seus e o incentivam mentalmente para seguir em frente com seu desvairo.

Na freqüência mental elevada da mãe, Espíritos pouco evoluídos não têm acesso e ela encontra-se naturalmente protegida de más influências. Já quando uma pessoa está impregnada de raiva, de ódio, de rancores, de desejos de vingança, mesmo quando Espíritos protetores tentam influenciá-la, por vezes encontram uma mente tão perturbada nesse inferno mental que não conseguem obter êxito, pelo que aguardam um momento mais oportuno para intervenção, respeitando o livre arbítrio de cada criatura.

Diga-me com quem andas e te direi quem tu és, ensina o ditado popular. No Espiritismo aprendemos a inversão desta lógica: diga-me quem tu és, que te direi com quem andas.

É uma lição simples e talvez por isso tão negligenciada.

Espiritualizar-se é também aprender a educar nossos pensamentos e sentimentos. Eles sempre estão sendo bombardeados por fatores internos e externos que provocam reações, às vezes inconscientes. Por isso, é impossível não sentir raiva, decepção, tristeza e por vezes sentimentos ainda mais pesados diante de certas situações. Contudo, esses estados d´alma devem estar de passagem rápida. Ter um impulso inicial, reativo, é natural. O erro é deixá-los hóspedes ou proprietários de nosso coração e mente.

Tal como André Luiz, já espiritualizado, é imprescindível domá-los e retomar o controle, o equilíbrio. É o que mostra o filme nas cenas seguintes, que para mim são o ponto alto da película. André retempera-se e equilibrado, dono de si, retorna ao lar para vivenciar momentos emocionantes que tocaram milhares de leitores e espectadores.

Assim é a própria vida. Quando perdemos o nosso controle é a própria vida que caminha trôpega, vacilante, desorientada, ora atrapalhada, ora colidindo, ora descarrilando, não raro deixando um rastro de confusão, estragos e sofrimentos.

Lado outro, se cultivamos estados mentais positivos, alegres, de esperança, generosidade e bem querer, automaticamente usufruímos os benefícios da leveza íntima, de serena paz e sutil felicidade.

Vivemos, portanto, em nossas criações. E se o nosso entorno anda ruim é porque nosso íntimo não está nenhum paraíso.

Nada que – com sincero esforço – não se possa mudar.

Basta sentir, pensar e agir por uma vida melhor.