“Sua força está na sua
filosofia, no apelo que faz à razão e ao
bom senso.” (Allan Kardec, Conclusão, Livro dos Espíritos)
O Espiritismo tem
tríplice aspecto: o religioso, o científico e o filosófico.
Já tivemos grandes
expoentes no âmbito religioso como Chico Xavier, no científico como Hernani
Guimarães Andrade e no filosófico como J. Herculano Pires.
Como se sabe, no Brasil
o aspecto religioso vicejou.
Os aspectos científico e
filosófico nem tanto.
E isso tem tido alguns
efeitos negativos.
Nenhum demérito ao
aspecto religioso. É imprescindível, essencial, belo. Ou seja, a questão não é
diminuir a aspecto religioso, é investir no desenvolvimento dos outros
aspectos.
A ciência dá potência à
pesquisa. A filosofia à razão.
São olhos da mente.
Sem pesquisa e sem
razão, o Espiritismo perde muito de seu formato original, de sua peculiaridade
inovadora e revolucionária.
Não só.
Abre espaço para a
expansão de uma religiosidade vulnerável, inclusive a fanatismos e misticismos.
Impede, por outro lado, o desenvolvimento do pensamento crítico e de avanços em
áreas importantes do conhecimento humano, no ponto de interseção da ciência e
da espiritualidade.
Será que os espíritas
conhecem a fundo obra de Hernani Guimarães Andrade ou a de J. Herculano Pires?
Será que conhecemos o pensamento filosófico de Sócrates e Platão, colaboradores
da codificação no plano espiritual?
Temos de debater sobre
filosofia e ciência dentro dos centros espíritas e penso que não podemos cair
na tentação de intelectualismos abstratos. Vale, neste ponto, a máxima estóica:
“conhecimento sem ação transforma-se em vaidade.” Convém, portanto, avançarmos
na sistematização da filosofia e ciência espírita e conectá-la à vida prática,
aos acontecimentos e às tendências.
Quando um terrorista for
submetido à tortura é preciso que o espírita tenha a capacidade de refletir
criticamente sobre o fato. O mesmo vale para crianças que assaltam, para robôs
que matam e para pesquisas sobre a crise ambiental ou sobre experiências de
quase morte.
A reflexão crítica só
pode ser completa se integrar os três aspectos. Angular o problema pelo prisma
espiritual, pelo filosófico e pelo científico.
O espírita não pode se
tornar um mero repetidor do que lhe dizem. Um crente ignorante da fé que
professa. Precisa aprender a pensar por si mesmo, a ser realmente racional para
que sua fé seja também sua convicção.
Não há como resolver o
problema das distorções à doutrina, da falta de conteúdo ou da resistência de
se ler livros mais densos sobre filosofia e ciência espírita, sem avançarmos na
atenção dos aspectos filosóficos e científicos da doutrina.
Pensemos nisso.
Afinal, ensinou Kardec: fé
inabalável é aquela que pode encarar a razão face a face em qualquer época da
humanidade.
Mas como encará-la sem
os olhos da mente...?
Um comentário:
FÓRUM ESPÍRITA. Assista: http://www.youtube.com/channel/UCkGnJ9lQZw5JbLS6S2_l7nA
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