domingo, outubro 23, 2011

ESPIRITUALIDADE E CURA



“Jesus, estendendo a mão, tocou-o dizendo – Quero, fica limpo. E logo ficou purificado da lepra” (Mateus 8:3).



 

Uma das piores notícias que o ser humano pode receber é a de que é portador de uma doença grave. De regra é uma notícia que abala o universo íntimo e divide a vida em antes e depois. Quando a doença é fatal e aproxima-se o estado terminal, pode-se, inclusive, identificar fases psicoemocionais do doente, que primeiro nega a situação, depois se revolta, na fase seguinte barganha (tenta negociar a cura com médicos, família e Deus), depois cai em depressão e por fim aceita e se resigna.

Quem de nós está preparado para receber uma sentença de morte? Chico Xavier manteve-se sereno na reta final, Pietro Ubaldi chegou a prever o período de seu desencarne, Léon Denis continuou trabalhando calmamente até seu último instante, Sócrates recusou fugir da cicuta e reprovou o choro e desespero de seus discípulos, muitos cristãos mártires do cristianismo primitivo adentraram a arena do Coliseu para enfrentarem a morte por feras, sob cânticos de louvor. Mas estas são honrosas exceções.

A notícia de uma doença grave e fatal geralmente lança o indivíduo em um abismo repleto de dúvidas, medos e sofrimento. Por isso, tantas pessoas buscam desesperadamente - e às vezes abdicando da razão - qualquer promessa de cura. Muitas se tornam vítimas de falsários, charlatões, fanáticos, de ignorantes e aproveitadores.

Mas afinal, é possível encontrar a cura na espiritualidade? A Ciência outrora já negou incisivamente. Depois começou a confessar, atestar curas “inexplicáveis”. Agora começa a valorizar a medicina integrativa e aprofundar estudos que vem confirmando efeitos terapêuticos e curativos da fé, da oração, da meditação, da yoga, do passe e da água fluidificada (ou benta para os católicos).

No Espiritismo, dúvida não há de que a espiritualidade é sim um fator decisivo para saúde e inclusive para incríveis processos de cura, seja pelo equilíbrio dos campos energéticos do perispírito (corpo espiritual), seja pela intervenção de equipes espirituais que, por exemplo, promovem transfusões fluídicas e afastam Espíritos obsessores agressivos e parasitas, que muitas vezes são responsáveis por doenças sem causa aparente, que escapam aos exames tradicionais e explicações ordinárias e que, em certos casos, são fatores determinantes para a crise de órgãos e por causarem ou agravarem quadros psiquiátricos severos.

A cura pode passar sim pela espiritualização. Mas não estamos falando de mágica ou milagres mirabolantes. Há leis espirituais, como a de causa e efeito, que repercutem diretamente sobre nossa condição de saúde ou enfermidade.

Jesus curou muitos. Restituiu a visão de cegos, libertou da inércia paralíticos, fez cessar hemorragias, limpou corpos pútridos de hanseníase. Mas esclareceu o conteúdo ético–espiritual subjacente ao fenômeno, ao advertir os beneficiados: ”não voltem a pecar para que algo pior não te aconteça”.

Sim, muitas vezes a cura é possível. Quantas vezes vimos prognósticos de óbito próximo se reverterem repentinamente? É imprescindível, inegociável, respeitar os avanços e recomendações da Ciência. Contudo, não cabe ao médico determinar o fim de uma vida. Isto pertence a Deus, que todos os dias contraria sentenças de morte da Ciência e “ressuscita” doentes graves e terminais, concedendo-lhes outros tantos anos de vida e saúde.

Portanto, é preciso ter fé, confiança e lutar, sem deixar de respeitar e seguir as prescrições científicas e médicas, mas integrando-as com os valores espirituais que promovam a verdadeira cura: a do espírito redimido pelo sofrimento e renovado em valores.

Nesta senda, lembramo-nos da firme e abençoada resposta do Cristo ao hanseniano que humildemente lhe rogou a cura:

- Eu quero. Disse Jesus. Sê limpo!