terça-feira, junho 06, 2006

Transformação




Não é exato dizer que a morte não existe. Existe. Trata-se de um fenômeno biológico, natural. Contudo, não é apenas isso. É sobre esse mais que conversaremos. Sei que você talvez não goste de ouvir isso – que é óbvio, mas não gostamos de admitir -, mas todos morreremos. Os estudiosos dizem que não gostamos de falar sobre o assunto, porque ele remete a nossa própria finitude neste plano. A morte pode ser adiável, mas é inevitável. Depois explico como conseguir o adiamento, pois sei que esse assunto te agradou bastante.
Muito bem, o fato é que morreremos. Trata-se de uma experiência individual, mesmo quando circunstanciada por um acontecimento que envolva muitas mortes, uma “tragédia” ou resgate coletivo. Cada morte é experiência única e insubstituível. Portanto, não adianta querer arranjar alguém para morrer em seu lugar. O que torna a morte um drama é o lixo que se misturou ao assunto. Agora, vamos limpar parte desse lixo e as coisas vão ficar mais claras.
Primeiro ponto importante: a morte não é o fim da linha. Aliás, é sim, mas apenas para o corpo. Este chegou ao seu termo, voltará à mãe terra que lhe dará utilidade. Ah, para os materialistas esse é o fim. Depois da morte, não há nada. Que coisa chata, sem sentido. Antoine Lavoisier (1743-1794) explica bem essa história de nada. Disse o ínclito químico francês: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” Pois isso que a morte é: uma transformação.
Esse não é um artigo para convencer ninguém que a morte não é o fim. Existem muitas provas sobre a imortalidade do espírito. Registre-se, provas científicas. Isso mesmo. Procure estudar um pouco sobre Transcomunicação Instrumental, Experiências de Quase Morte, Experiências no Leito de Morte, Reencarnação, Terapia de Vidas Passadas, entre tantas outras pesquisas. É óbvio que existem muitos cientistas que negam. Se você for esperar que eles mudem, você vai literalmente morrer esperando. Existe muita ignorância, preconceito, além, é claro, de interesses e vaidades nesta posição adotada por muitos cientistas. Mas expressiva parte deles já admite as provas e os que não admitem, também não provam absolutamente nada quanto a estarmos errados. Disso tudo apenas uma coisa é certa: a morte não é o fim.
Como dito alhures, a morte é uma transformação. Mas calma, você não vai morrer impaciente e irascível e acordar do lado de lá um monge budista. Cada um desperta com o que fez de seu espírito. Não há transformações mágicas. O que se transforma é a condição de existência. Ficou bonito, mas acho que não ficou tão claro. Trocando em miúdos, você abandona a casca material e desperta na dimensão espiritual apenas como espírito ou essência.
Não pense que é pouca mudança não. Sabe aquela roupa que você adora, aquele perfume preferido, aquela comidinha da mamãe, aquele carro que você tem o maior ciúme, a desorganização do teu quarto que só tu entendes, sabe os títulos acadêmicos, o dinheiro, a fama e todos esses penduricalhos que vamos amontoando, ficam tudo para trás. Como diz o ditado popular, caixão não tem porta malas. Como falei, você desperta apenas com as riquezas que construiu em seu espírito. Isso pode significar que você se fez um miserável ou um ricaço. Ah, no mundo espiritual não dá para esconder quem somos. Não adianta fingir, simular, falsear. O espírito tem densidade, forma, peso, cheiro, luminosidade, entre outras características, que distinguem bem quem é quem, conforme o grau de evolução alcançado. Portanto, a morte pode ser, neste aspecto, motivo de alívio ou de vergonha. É também essa condição do espírito que vai tornar a morte um evento impar e particular, notadamente pessoal, já que somos diferentes, cada qual com sua história.
Para quem soube dar utilidade aos anos concedidos pelo Papai do Céu, pode ficar tranqüilo. A morte é uma beleza. Primeiro você se livra dessa matéria densa, pesada, perecível. Ganha a verdadeira liberdade. Segundo, você vai ter disponível todo seu potencial, o que não acontece quando estamos submetidos ao jugo da matéria, que limita e corrompe. Terceiro, você poderá reencontrar amigos e familiares e velar pelos que ficaram, dependendo, é claro, de seus méritos e evolução. Isso mesmo, fique logo sabendo que no lado de lá não tem esse mal hábito de conseguir as coisas pelo sobrenome, porque se é belo, porque é doutor ou por ser amigo de alguém. Por favor, não chegue lá esbravejando: sabes com quem estais falando? Eles sabem! Pode ter certeza. Enfim, o que vale é o mérito. E muito do que você acha meritório aqui, vale muito pouco por lá. Então não adianta pensar que você vai morrer e chegar lá e dizer que é amigo íntimo de Jesus ou que foi um cara excelente, a própria caridade personificada. O seu espírito revelará quem você é e o que fez de sua vida. Quarto, o mundo material é apenas uma cópia imperfeita da verdadeira vida. Tudo lá é muito mais belo e mais intenso. Ou melhor, quase tudo, conforme explicarei a seguir.
Para quem não está aproveitando bem o tempo na Terra, as notícias não são tão boas. Repito, cada caso é um caso. Mas de um modo geral, existem comportamentos que geram alguns problemas na ocasião da morte. Criminosos, suicidas, viciados, materialistas, revoltados, orgulhosos, egoístas têm sim algumas dificuldades. Opa, mas quase todo mundo tem um pouquinho de apego, egoísmo e de orgulho, para ficar apenas nesses exemplos. Por isso, cada caso é um caso. Você pode ser um orgulhoso extremamente caridoso, bondoso, amável, mas ainda assim é orgulhoso. Isso é um problema, mas para isso existe a lei de compensação. As demais virtudes compensarão seu orgulho e o final das somas e subtrações você só vai saber quando morrer. Quer um conselho, comece a ser mais humilde. Agora se você é um orgulhoso, um egoísta, que não está aí para ninguém, que não se importa em prejudicar as pessoas, que tem uma vida criminosa ou exclusivamente fútil, que adora dizer que é o tal, proclama-se o dono da verdade, não perde uma chance de humilhar e se Deus para você é só um símbolo de atraso e ignorância, prepare-se. Vá logo fazendo um curso intensivo de arrependimento. Pois ele será muito útil. As mensagens que vêm da zona de expurgo não serviriam para material de nenhuma palestra motivacional. Mas não se desespere, ao contrário do que dizem algumas religiões, não existem penas eternas. Deus sempre dá outras chances através de novas encarnações. De qualquer forma, quando se está sofrendo muito, temos a impressão de que o tempo não passa. Por isso se fala de penas eternas. Elas realmente parecem eternas.
Hoje muitas pesquisas já permitem confirmar informações que vêm do plano espiritual. De um modo geral, o fenômeno morte se desdobra assim. O desligamento do espírito em relação ao corpo é gradativo. Quanto mais evoluído mais rápido e sem sofrimentos. Quanto menos evoluído, mas demorado e doloroso. O espírito entra na fase que se chama de perturbação. É como um sonho para os evoluídos e um pesadelo para os maus. Nos momentos finais, amigos e familiares desencarnados auxiliam e muitas vezes são vistos ou pressentidos pelos moribundos. Geralmente, guias coordenam o desencarne e os primeiros esclarecimentos ao espírito, tal como faz – em grosseira comparação - um guia turístico a visitante em país estrangeiro. Abre-se um túnel que levará o espírito a uma fronteira que separa – como num abismo insondável – o mundo material da dimensão espiritual. As sensações que os espíritos sentem são muito diferenciadas, por causa da condição evolutiva de cada um. Mas se pode dizer que, em regra, os que tiveram uma vida digna acessam regiões iluminadas, sentem-se leves, saudáveis, cheios de paz, alegria e energia, deslumbrados com um mundo empolgante que se apresenta à suas vistas. Muitas vezes isso só se dá com algum tempo após o desenlace. Os que tiveram um vida mal utilizada, sentem a ligação com a matéria do corpo, sentem-se pesados, cansados, sentem-se perdidos, confusos, sentem sensações ainda ligadas a matéria, como frio, fome, dores físicas. Enfrentam lugares escuros e inóspitos, onde, não raro, passarão algum tempo, quiçá anos, muitas vezes perseguidos pelos seus piores pesadelos. Coabitam com o medo incessantemente. Enfim, o quadro não é dos mais alentadores. Importante dizer, que podemos ajudar esses espíritos com preces. E ajuda tanto! Volto a dizer, uma vez nessas zonas de expurgo, podem ser amparados por equipes de socorro espiritual. Para isso, necessário o ajuste consciencial, que se inicia com o arrependimento. Lembra do curso intensivo?
No plano espiritual, os espíritos se reúnem em comunidades e cidades espirituais, de acordo com a afinidade e grau evolutivo. Muitas são as moradas da casa do pai, como disse Jesus. Assim como existem colônias de espíritos evoluídos, existem as zonas de expurgos, onde os espíritos pouco evoluídos se aglomeram. Ambos espaços espirituais mantém interelações com aqueles que ainda estão na matéria. No caso, nós os “vivos”. A lei da sintonia definirá se sua mente alcançará colônias desenvolvidas ou zonas de expurgo. Pensamentos bons sintonizarão bons espíritos e o inverso é também verdadeiro.
Por fim – sei que você estava ansioso – podemos receber, excepcionalmente, o benefício do adiamento do dia de nosso retorno à pátria espiritual. Todos nós quando encarnamos, já temos um tempo certo de duração de nossa existência. Ocorre que por nosso comportamento podemos antecipar a morte ou adiá-la. Vícios e excessos de um modo geral a antecipam. É o que se chama de suicídio indireto. E as missões assumidas e aditadas pelo amor, sacrifício e dedicação desinteressada podem indicar à Providência Divina a necessidade de uma prorrogação de nossa passagem pela Terra. Podemos, face o bom uso de nossa existência, receber uma concessão de prazo para semearmos um pouco mais. Resumindo: não se ganha prorrogação para o lazer, mas para trabalhar e não para nós mesmos, mas em benefício da humanidade. Você deve estar pensando: tô lascado. Força amigo!
Mais uma vez, importa dizer que cada caso é um caso. Não é o simples fato de se fazer o bem e de ser um cidadão impecável que isso se reverterá em acréscimo de anos. As bênçãos podem vir dessa forma ou de outras tantas, disponíveis à bondade divina. Fosse o contrário, os bons não morreriam, o que é inconcebível, porque a morte é um fenômeno imprescindível para renovação da sociedade. Uns vão para que outros assumam os posto de trabalho na obra do Pai.
Portanto, meu caro amigo e amiga, você quer saber realmente o que lhe espera na hora da morte, pare e veja o que você está fazendo em vida.
Força sempre!

Um comentário:

Leila Loureiro disse...

Mestre Denis, lendo este texto consigo te visualizar na sala da AGU nos ensinando cada dia uma nova lição. Pena que não estaremos na mesma sala no "curso de arrependimento" (creio que estarás um pouquinho mais à frente:), mas te encontrar (ou reencontrar) nesta vida já foi um grande presente pra todos aqueles que convivem diariamente contigo. Muito bom os textos! Força sempre!